O PORTO, ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO: UMBERTO ECO
O PORTO, ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO: UMBERTO ECO E A BUSCA DE SENTIDOS NA CIDADE
Ao chegar ao Porto, percebi de imediato que esta não era uma cidade para se compreender de uma só vez. Como um códice antigo, cada rua guarda margens iluminadas e notas de rodapé invisíveis. O granito das fachadas, o azul profundo dos azulejos, o brilho mutável do Douro, tudo são sinais que se oferecem, mas nunca se revelam por inteiro. É preciso lê-los com paciência, como quem procura sentido num manuscrito medieval.
Entre o que vejo e o que invento
O Porto que observo é feito de imagens concretas: a Ribeira com as suas varandas cheias de roupa ao vento, o som metálico dos elétricos, a maresia que sobe do Atlântico. Mas existe também o Porto que invento, aquele que nasce do encontro entre a realidade e as histórias que trago comigo. Talvez, como nos bons livros, não seja possível separar o que está escrito do que o leitor acrescenta. O imaginário e o vivido entrelaçam-se e constroem sentidos múltiplos.
O Porto como “Obra Aberta”
Recordo-me de quando escrevi a “Obra Aberta”: a obra que permite múltiplas leituras, que vive na pluralidade de interpretações. O Porto é isso mesmo. Para uns, melancólico; para outros, vibrante e moderno. Cada esquina é uma frase, cada praça um parágrafo, e cada visitante um autor parcial desta narrativa. A cidade transforma-se com os olhos de quem a percorre, revelando-se ora discreta, ora exuberante, mas sempre em movimento.
A minha própria investigação
Ao percorrer ruas estreitas e escadarias antigas, senti-me por momentos como Guilherme de Baskerville em O Nome da Rosa: atento a sinais, pistas, símbolos escondidos. No Porto, a investigação não busca um crime, mas o próprio sentido da cidade. E, como na abadia, a verdade não se oferece toda de imediato; é preciso unir fragmentos, ouvir murmúrios, seguir cheiros, cores e sombras, até formar uma interpretação possível - sempre provisória, sempre incompleta, mas suficiente para nos tocar.
A Foz: o limiar entre mundos
Na Foz, onde o Douro se encontra com o Atlântico, este jogo de pistas atinge um ponto culminante. É um lugar liminar: entre o sólido e o líquido, o passado e o futuro, o real e o imaginário. O horizonte abre-se e convida à especulação, como um capítulo final que permanece em suspenso. Ali, cada onda, cada espuma que se desfaz na areia, parece contar histórias não contadas, sugerir significados que escapam à razão imediata.
Um refúgio para interpretar a cidade
Ao regressar ao meu quarto no Vila Foz Hotel & Spa, encontro meu scriptorium particular. Rodeado de silêncio, luz suave e conforto, revisito mentalmente cada passo dado na cidade. Percebo então que o Porto é um livro que não se fecha; continua a escrever-se dentro de mim, como aquelas histórias que, mesmo depois de lidas, persistem a ecoar na memória. A cidade e a mente dialogam, e cada visita é apenas uma página de uma narrativa infinita.
*Este texto foi desenvolvido em colaboração com inteligência artificial, inspirado no estilo e no pensamento de Umberto Eco, como homenagem à sua forma única de ler e interpretar o mundo.









